O Vinho e as Palavras: Quando as Tradições se Dizem com um Copo na Mão
O Vinho e as Palavras: Quando as Tradições se Dizem com um Copo na Mão Há países que se medem pelo tamanho das suas vinhas — e outros, como Portugal, que se reconhecem pelas palavras que o vinho inspirou. O vinho não vive apenas nas adegas ou nas mesas; vive também na língua, nas expressões que herdámos dos nossos avós e que repetimos sem pensar, como quem brinda com o passado. Na Terra dos Vinhos, acreditamos que cada expressão popular é uma garrafa aberta da alma de um povo. Em Portugal, por exemplo, diz-se “andar de cabeça feita” quando o vinho foi generoso demais, ou “ter bom vinho” para elogiar quem sabe conversar e encantar. O vinho é mais do que bebida — é símbolo de convívio, calor e sinceridade. Em França, onde o vinho é quase religião, há um provérbio que diz: “Le vin est la part du soleil capturée par l’eau.” — “O vinho é a parte do sol capturada pela água.” Os italianos, apaixonados e teatrais, gostam de dizer “In vino veritas” — “No vinho, há verdade” —, lembrando que, entre goles, o coração fala mais livremente. Já em Espanha, um brinde é sempre acompanhado de um sorriso e da palavra “Salud!”, porque o vinho, lá, é vida e celebração. Mesmo fora da Europa, o vinho é uma linguagem universal. Na Argentina, o vinho é “o companheiro do asado”; na Grécia, é “a bebida dos deuses”; e em Portugal, é o que se partilha à mesa — nunca sozinho, nunca em silêncio. É curioso notar que quase todas as culturas têm expressões onde o vinho aparece ligado à verdade, à amizade ou ao amor. Coincidência? Talvez não. Provar um vinho é saborear uma história, mas também uma maneira de falar do mundo. Cada expressão, cada brinde, é uma ponte entre gerações. O vinho não é apenas líquido — é verbo, é palavra, é memória dita em voz alta.
5/8/20241 min ler
